Colher Água na Paisagem
A marcação e escolha da localização para 3 valas/cômoro em curva de nível, ou Swales, em inglês, foi uma das tarefas do dia.
Do porta miras Owen ao também aprendiz de feiticeiro das paisagens Ian, o João, com a sua Mira Óptica, traçou o que viria a ser o sistema de colheita de águas na paisagem do Monte Aton.
A Retenção de água na paisagem é crucial para o recarregamento dos lençóis freáticos, e, nessa tarefa, os Swales, ou Valas de retenção em curva de nível, emprestam particular desempenho, que facilmente mostram ser uma boa escolha.
A água pode e deve ser “semeada” sempre que no espaço em que estejamos seja possível a sua retenção e infiltração de forma serena e continua.
A promoção da infiltração de água na paisagem tem a ver com a forma como se maneja a sua colheita e se premite a sua lenta e eficiente infiltração.
Utilizando as curvas de nível, podemos fazer a colheita em cômoros e valas que, uma vez feitas, serão o receptáculo das águas e bem assim, como o lugar onde as plantas aí colocadas deverão, de melhor forma, ver as suas raízes melhor irrigadas por forma a manter um coberto vegetal permanente e viçoso.
A água na paisagem deve ser vista como uma exigência que permite a nossa estada e permanência em troca de uma maior diversidade proporcionada por essa água semeada. À semelhança do castor o nosso papel é o de promover um aumento da biodiversidade através da estruturação e design de um habitat humano, não apenas sustentável mas, mais do que isso, regenerativo.
O sistema de recolha de água na paisagem deve ser um dos primeiros a ter em conta quando se decide a tornar tutor de um pedaço de terra onde pretende permanecer ou utilizar.
Parte da resiliência obtida pelo sistema desenhado, deve corresponder aos desígnios e possibilidades reais, oferecidas pela orografia, densidade arbórea, disponibilidade de água e fins a que se destina o território em apreço.
A utilização de águas subterrâneas deve ser feita com conta peso e medida dado essas águas serem águas antigas cujos tempos de infiltração poderem chegar aos milhares de anos. Neste caso estamos a consumir, águas que levarão outro tanto tempo a chegar aos lugares de onde a extraímos. Se não promovermos a sua infiltração e apaziguamento, quando cai, sob a forma de chuva, no nosso território, estaremos a promover a desertificação desse território. É aqui que a sementeira de água na paisagem é crucial.
A existência de águas à superficie, em regatos, ribeiras e mesmo rios deve ser bem observada dada a sazonalidade dos caudais que podem afectar de forma extrema a utilização dessa mesma água e mesmo das margens desses cursos de água.
As águas de poços deve ser avaliada quanto à disponibilidade no ciclo de um ano inteiro, por forma a sabermos qual a sua real potencialidade de uso para os diferentes fins a que se pode destinar. Quanto mais água houver a uma profundidade baixa e com caudais que permitam o seu uso todo o ano, mais resiliente é o lugar onde nos encontramos. No entanto, a colheira de água na paisagem, promovendo a infiltração, promove também a saturação dos lençóis freáticos mais próximos da superfície, tornando a quantidade e disponibilidade maiores, mesmo havendo maior uso. Os poços no território tendem a permanecer mais tempo cheios e a velocidade de reposição quando é utilizada a sua água tende a ser também mais rápida quando haja uma maior saturação à superficie promovida por uma boa gestão de recolha de águas na paisagem.
As técnicas de keyline e swalles são as mais fáceis de implantar e, embora havendo outras, são aquelas que promovem uma mais eficiente recolha e infiltração, bem como irrigação para novas plantas que se instalem no território.
